20061230
Porque eu sonho e estou acordado.
e sobre ti ainda nada se disse
[ olha para mim ]
és o meu sonho todos os dias
e o que os outros falam
eu ainda não senti .
talvez porque os sonhos
sejam criações
de algo mais que uma mente adormecida
e fustigada pela dureza que molda a vida
e os sonhos
de que os outros falam
são os sonhos deles,
não são os meus.
sonhar é criar
de uma forma caotica
uma realidade não mastigada
e se é tão belo
o prazer de ver um sonho na palma da mão,
eu não sou mais que nada
se me pedem para sonhar a dormir.
para mim
sonhar é sempre mais
que acordar dormindo
e passear as mãos em prantos de uma leveza épica
sonhar,
é perpétuo
sonhar
é tanto,
morrer como reviver e viver
e isto
só o faço de olhos abertos.
por cá,
continuo acordado
e se te disser 'olá' e não te conseguir tocar
optimo,
estás cá e eu estou a sonhar.
.yan
20061227
haja raça
para calcar mais uma vez
os dias que nos separam de casa
embrulhando as mãos num pano sujo
com a suavidade dos anos
há quanto tempo não sinto
eu,
a felicidade de me ter por perto.
e quanto mais a essência se mostra
à pele
que resguardo do frio
com casacos e casacos,
mais pura se torna a sintonia dos meus braços e pernas.
enconsto as costas da mão
à cara gelada
e o silêncio da minha boca
aos meus ouvidos
para que tudo se torne belo
nas flores dos meus pés
e
para que consiga sair ileso
deste desamparo
que vive entre o sono,
a realidade
e a vontade que vive de me encontrar.
20061225
Estava sozinho a ver a luz branca, ou amarela?
Ontem à noite,
um rapaz de mãos e pernas ,
como tantos outros rapazes
com um grande lado a mais.
Depois,
outro dia... longe.
Era uma rapaz com liberdade
e o macaco
outra vez
e o macaco ardia.
Sou,
uma pergunta.
Sou?
Com um grande lado a mais,
Pergunto.
A manhã traz-nos juntos.
a mim e a mim,
juntos como nunca,
até que a bomba rebente numa das nossas mãos
[ minhas ]
e nos [ me ] separe, outra vez.
[ azul do céu ]
Um velho amigo, certa vez falou, para gritar bem alto o meu nome quando estivesse perdido,
podia alguma nuvem ,sem maldade, me ouvir e me carregar.
Azar o meu.
O céu estava mais triste que eu e chorava como uma criança, tal como eu.
[ Simetria perfeita ]
Segui o segundo conselho do meu velho amigo e procurei a minha alma gemea.
Não estava escondida, não estava no meu bolso ( eu nu ), não estava.
Depois, se bem me lembro, o que a razão me diz que não é real..
A ilusão da simetria :
Nada é igual duas vezes.
O macaco ardia,
e eu?
Eu deixava-o arder
estava quentinho.
O pão desfazia-se,
como eu.
Não sei onde estou nem onde me perdi.
Já agora,
posso ficar para o jantar, mãe?
. yan
20061221
Estou cheio de dores, não me seguram no chão as minhas pernas.
Não quero aguentar.
Não aguento.
Não aguento.
Está-me a doer,
só telefono para dizer que me está a doer.
Não sei onde guardei a caixa que me deste para usar nestas situações
Fazes aqui falta porque me doi, doi tanto.
Para que vejas como me doi
E não digas que é tudo psicologico,
eu estou com os dedos na ferida só para que ela não feche.
Mas do alto da dor
Dou-me ao prazer de cair,
sou fraco.
Isto é vulgar,
eu sei.
E é tudo tão banal...
Obrigado por me ouvires
e por rires,
por achares piada ao som do meu corpo a tremer,
por gostares de ser a febre,
por nunca me teres tirado a vida
e por nunca me teres dado a mesma.
.yan
20061219
20061216
Quase, mesmo quase a entornar o café na cama...
E as bolachas, comia-lhes as migalhas para não ter que as limpar .
Quase pensava,e nisto ,quase virava um pedaço de pó que me caía do ouvido.
E o sangue... Corria de um lado para o outro do meu corpo, eu ,com medo de o entornar pedi ao coração que parasse de bater.
Estava tudo um caos e tudo prestes a rebentar, a explodir, implodir...
Mas não sujei nada...
Não sujei mesmo nada, EU não sujei nada !
E tu vens , apareces e morres(-me) no chão.
Porque é que fizeste isso? O que é que eu te fiz?
Não me lembro. Cabra, deixa-me morrer á vontade, meio nu ou meio vestido.
Leva-me a mão e foge, não se extingue a vontade que tenho de morrer à vontade.
Tenho as flores que preciso em tudo o que me faz falta por isso não te deixes ficar no meu chão!
Vou passando e passeando porque o comboio não passa ,corre, lá.
Não quero ficar mas não quero fugir.
Se tiveres 10 segundos dou-te o resto do corpo, do teu corpo.
Tenho vergonha de ti, puta.
Que história vou eu contar aos meus netos?
Eu acho que sou uma nódoa mas vai te embora!
Desaparece e deixa-me respirar.
Olha o que fizeste!
Se não me deixas morrer á vontade pelo menos morre longe.
Sujaste-me o chão .
Eu pedi-te para me levares a mão... não para me caires na faca.
.yan
20061209
Calar, calar. Não odeio.
Sobro eu e tu,
e quem mais se queria calar por não ser ouvido,
e ainda quem me ouviu e quem não se calou
e também a dor de ser mais um a querer calar o coração com as mãos.
20061207
'imodium'
vamos pensar noutra forma de não esquecer o que nos dissemos.
ok?
Tão rápido chega que depressa se vai,
E a culpa se faz numa pressa omnipotente
Fácil de cair em qualquer um
Que por consciência se torne inconsciente para não a sentir.
Sinto, é certo.
Porque me habituei.
E nem tenho prazos para que o fogo acabe.
Por isso eu espero.
Por isso o vento não me arrasta a areia dos olhos.
A ferrugem destes pregos tem sido o tempero, mas agora,
começam a magoar, a arder e
[infeccionar.]
Consigo lembrar-me que nada é um todo maior que outro todo qualquer
e não me cabe na boca de uma só vez.
Por isso volta a ti como se fosses começar outra vez,
de vez,
que partes do coração não funcionam sem cabeça
e a minha arca frigorífica não aguenta com mais pedaços de vida.
.yan
20061205
Vazio.
Comigo cheio,
desculpado e entediado
Pelas portas
Que não se abrem,
porque nunca estiveram fechadas.
Invisivel e sem espelho.
Dada,
a sorte mata-me,
a sorte empurra-me,
a sorte não me foge.
À sorte,
não a deixo alcançar o que é meu.
E agora quero que se fechem as portas.
E que me dêm uma bandeira com o nome do meu país,
Quero que me façam uma história,
Que me façam aprendê-la,
E me façam odiá-la para não esquecer.
Sirvo para quase nada.
Vou contar estrelas,
as que tenho no céu do meu quarto.
Quando chegar ao fim,
Vai estar tudo preto,
vazio,
comigo cheio, desculpado e entediado
E eu vou estar a dormir
Para voltar a viver, amanhã.
.yan
20061203
um cheiro a vento
e a Natureza a calcar-me as folhas do caderno,
E o sentido que isto [da vida] não faz.
A beleza da confusão
É veludo,
E não me suja
Mas faz-me aprender.
São tantos os dias
Em que a Natureza me confunde.
E tantos são os dias,
que por mais confuso que esteja
Acho sempre bela a confusão.
Cada novo dia,
espanto e mato
com o confuso.
E tu Mãe,
que me calcas as folhas
Estás sempre por perto ,
Para através do mundo me mostrares
que o mundo de confusões que faço na minha cabeça,
Não confunde mais que uma e a minha cabeça
E que não é nada
quando comparado com as guerras de confusão que assolam o Mundo.
A minha confusão é bela,
Não é uma confusão ignorante.
Tem razão de ser,
existe.
E ainda bem.
A beleza da Natureza
É descobrir o que nos é confuso.
E não penso em matar o que me confunde.
Porque o que me confunde,
É o que me dá vida e vontade .
.yan
20061125
Desejava apanhar o calor da Primavera
Enquanto passeava no paraíso.
Caminhar sozinho,
Para me aquecer,
e esquecer,
e derreter
e ter.
Quando não vi o que eu chorei
quando olhei o espelho,
Dei conta que não chorei por mim,
Mas que chorei pelo frio.
E o frio...
É do Inverno,
não é meu.
Só está cá para me lembrar
que ainda sinto.
Porque no fundo...
No fundo eu ainda não morri,
E o paraíso,
esse,
Tem que esperar mais uns Invernos.
Vou aquecendo as mãos
Enquanto falo para elas
E enquanto com elas agarro o peito
E lhe desfaço os nós
que me negam a circulação.
E o resto do corpo
Aqueço com a vontade que tenho
De chegar ao jantar,
e ver à mesa servido,
um bom prato de carne e vida.
.yan
20061123
Escolheu morrer no meu ombro...
Nem te ponho na minha memória,
Eu nem sei quem tu és.
Mas se existires diz-me quem sou, borboleta.
Ela voou para junto de mim, poisou-me no braço e morreu.
(Eu não tenho culpa, eu vejo ameaças onde elas não existem.)
Eu podia ter morrido se aquilo me entrasse na corrente sanguínea, ou tinha ficado sem um olho.
Não almejo a sorte do Camões.
Tinha que acabar ali com o meu próprio sentimento de medo e medo de sentir dor.
Voar faz bem à pele! Eu quero preservar a minha, tivesse ela voado longe de mim, eu não faço mal a ninguém,
quanto a ela não sei. Tinha asas, sabe-se lá que mal podia ter causado à humanidade.
Porta-aviões é coisa que não sou!
Eu não me estou a justificar, que fique bem claro.
Um rato come a própria morte, ou enfia-se nela. Pensam vocês que o rato é estúpido,
estúpida foi ela, ou são vocês, que nem na morte sabem cair. Já algum de vocês comeu a morte?
Claro que não! Não têm inteligência para isso e ficam à espera que a morte vos dê uma palmada, esmagando-vos contra os ombros de
alguém mais forte, alguém mais mundo.
Aquela foi estúpida, como vocês e eu, e escolheu morrer no meu ombro.
Eu não gosto dela!
Porque...
As borboletas casam-se com flores!
E nem borboletas são, mas lesmas travestti, transformistas.
.yan
20061119
Morfina
Vou levar um copo de água à fonte,
Vou saciar a sede de vida
que toma conta das suas águas.
Vou dizer olá aos peixes
E dizer adeus as nuvens
que me acompanham no caminho
e que me ameaçam de chuva.
Irei alimentar árvores pelo caminho
Vou lhes dizer o meu nome
Para que não se esqueçam na Primavera,
quando já tiverem folhas,
que lhes dei de beber a água.
Não sou capaz de entender
E tudo isto me é dado
como um sacrificio.
Porque eu vou dar de beber água a uma fonte
E o que não faz sentido é pensarem que isto não faz sentido.
Porque faz,
não desse o meu sangue
sempre com o caminho do meu coração.
20061115
Vou tocar-lhe as pontas dos pés
Vou dar-lhe asas e falar.
Eu vou dar.
se der,
Vou cair.
Se poder
Mato dois ou três.
Vou tocar-te no cabelo,
arrancá-lo com os dentes
Porque eu não quero ser delicado
E o teu cabelo cheira-me a pêssego.
Tenho fome!
Tanta mas tanta fome.
Vou comer,
Devorar o meu quarto com uma só dentada,
Sigo para bingo e,
como sem querer o quisesse,
Dou-me a comer o mundo.
Tenho o céu como chão
E quero a paz do azúl presa na minha mão.
eu vou... vou...
Dizer adeus.
.yan
20061107
São como pegadas...
E marcam-me como passos de som,
Que me sorvem e absorvem.
Que a minha boca desnudam
E que o meu corpo contornam.
São como pegadas-
E se tornam húmidos
Pedaços de carne
Entrelaçados e juntos
Como medrosos braços
Que se agarram e se traçam,
Que se julgam culpados em simultâneo,
Que se juntam na mesma culpa para toda a eternidade.
São como pegadas que me marcam-
Os teus lábios.
20061103
Traz-me na madrugada.
Traz as luzes que se acendem
Ao passar das horas,
Onde traço a fumo
Uma dadiva órfã de mãe.
Traz a noite aos alguidares
Numa noite sem divisas,
Onde a acústica da cidade se solta
a cada hallelujah.
Traz o ourives
Que te enfeita a aura,
Agora é algo mais...
Traz-me.
E no canto do rouxinol,
Em plena madrugada,
Oiço quem me traz de sua justiça,
Um pedaço de nada.
.yan
20061028
Ela é uma rapariga normal.
faz Sol em nosso crescer
e a Lua já morreu.
Firme,
estou tão triste que só eu sei.
deixa... deixa...deixa-me chorar.
Deixa-me encher este copo,
com lágrimas
e bebe.
Pernas nuas,
as tuas,
mas minhas são as palavras que as disseram.
Mas estou tão triste,
não imaginas.
Tralalala,
e cantas-me ao ouvido,
mas duvido,
que me tragas felicidade.
Carne,
eu quero carne para canhão.
Acorda e dá-me a carne.
Eu nem acredito.
Não interessa...
Doem-me os cabelos,
e o estomago precisa de ser cortado.
Um ignorante,
feliz,
mas não hoje,
eu sou.
Cores régias
dores sóbrias,
trastes dúbios
sou um idiota chapado
Mas hoje estou triste que nem te conto.
20061024
os olhos passam a correr pelo fundo.
Na passadeira calcam-me os cabelos
enquanto-me abraçam os joelhos com os pés.
É capaz de tudo.
A informação chega a horas,
morreram todos
na altura certa.
A cara não me é estranha,
mas não me fala ao ouvido,
nem me conta histórias,
passa lá por baixo que eu deixo.
Abraça-me o ego,
só mais uma vez.
Em vez de me cortares os pés do chão.
O teor de água no corpo
afoga-me.
Sejam rápidos que chove,
e eu tenho mais quem queira.
Eu tinha vontade para estar aqui mais uns dias,
Podesse eu estar aqui mais uns dias,
e eu estava,
ficava para vos ver.
Volto a falar,
e a voz também não me é estranha,
talvez fosse eu,
mas isso era bom de mais.
O fardo que alguém traz,
não o vou ter como meu,
nem que quisesse.
Já não tenho força.
Penso que me ouvi em alguém,
talvez em mim.
Mas noutro alguém,
que seja alguém.
VOU ME AFOGAR!
Mas não vou longe,
estou com os pés presos
a um chão de terra,
que me suja,
mas que me limpa a pureza,
que me julga com as raizes,
mas que me fala ,
e se diz nas minhas veias,
mortal como eu.
Trato-me bem por um bom bocado,
enquanto ainda nao me molham de medo.
'Esse corpo,
é o meu número.'
Usa-o,
foi meu em tempos.
Bom proveito.
20061022
ou já nao existo.
Ou morri,
Ou desapareceste.
Como o fumo que queima os meus pulmões,
que te faz desaparecer o cigarro,
queimo-te .
Como a nuvem que desaparece
com a chuva que cai no chão,
Seco-te.
Para não mais encontrar a memória.
Para perder parte de mim,
Para sempre.
Mas não sei.
Pode o vento levantar voo,
e trazer-te para perto,
e o fumo que faço de ti,
apagar-me o cigarro.
Não sei mas tento,
Que a lua não desapareça do meu lago,
que nele se mostre a tua cara.
É dificil encontrar o ponto que falta.
Não sei como mas vou aprender
a matar esta hemorragia sozinho.
.yan
20061019
Olhos secos do lado errado.
o primeiro suor e primeira lagrima,
trouxe de novo aquilo
que não via há muito.
no caminho ,
espreitei de longe,
o teu vizinho fez sinal,
esperavas no outro lado.
via vezes sem conta,
em torno do que conta.
como de ti se tratasse,
o que eu consigo ver.
levei na mão carne
esperançada,
fiz valer de nada,
tudo o que levei.
E na parede escrito,
com gordas letras,
de teu nome foi feito
e foi voando.
a erva como cama,
chama por mim,
pede para me deitar a teu lado
mas
não quero dormir contigo,
o receio de não acordar a tempo do teu acordar
toma conta de mim.
fico de olhos abertos.
.yan
20061018
Dos dias.
tanques de guerra,
disparando flores de ácido
por entre a lama que me tapa os olhos.
São imitações,
São pedaços de ontem por resolver.
os dias,
que vou deixar morrer.
Entre laços de sangue esquecidos,
e começos que nunca acabam,
Por entre tempo que não passa,
ou deixa-se trespassar levianamente.
Neste lugar
no qual tenho que ser absurdo,
tornam-se absurdos os meus dias
Numa onda que me arrasta,
mas que traz sempre próxima
a realidade .
Que assim sejam,
as criaturas dos dias.
.yan
20061016
20061014
Hoje vi-te
Já não é hoje
E torno a pensar.
No dia em que eu voar,
Quero que olhes para o céu.
Eu estarei lá para te dizer Adeus com o coração nas mãos,
Assim tu o queiras agarrar.
Não o vais perder,
Mas não o deixes cair.
.yan
20061012
Title:
Estou baralhado.
Não se afoga, está protegido.
Esconde-se do mundo e nunca ninguém o viu (não consigo mexer os olhos).
Diz quem já o viu (não o meu, nem eu) que está todo enrugado,
É feio (somos tão iguais).
Dizem ser importante e que trabalha bem, mas não trabalha a 100 % nem a 50%.
Chiça! Mas… quê que eu tenho a ver com isso?
O gajo não me diz nada nos testes e matemática.
Por outro lado, consigo mexer as pernas.
Até dançava se ele não fosse tão estúpido.
Se calhar até me da algum jeito este cabrão.
Talvez me traga a comida à boca,
Se lhe pedir.
Talvez mate ou arranje quem mate as minhas infecções...
Vou-lhe pedir.
É provável que mate por mim,
Mas não o vou eu matar.
O meu cérebro .
.yan
20061010
Cortei-me a cortar a barba.
Se bem que eu não saiba bem ao que me sabe .
Também não sei o porquê de tantos postos interrogatórios, tantas interrogações.
De longe e com visão de míope, de certo que vou ver o mesmo que pouca coisa.
Vou ver o mesmo que tu, diria em tom convencido que vou ver o que tu és sem mim.
Eu cheguei ao buraco.
Vou dar paz a cabeça.
De ora avante passo a vomitar com os pés.
Quase que morria seco de sangue.
Cortei-me a cortar a barba.
yan.
20061008
Folha em branco.
e não sei o que vou escrever aqui.
Acho que vou deixar a folha em branco.
Nem é uma folha em branco,
É um bloco de notas em branco.
Porquê em branco?
Porque não me vem nada a ideia, nada = nada.
Podia cuspir para aqui qualquer coisa.
Podia dizer qualquer coisa desinteressante
(como, de resto, é meu apanágio)
Podia queixar-me do tempo, da política,
do português, das nuvens que têm sempre as mesmas cores,
do sol que não é belo.
Podia dizer que tenho o coração partido, ou que simplesmente já não uso o coração,
que não sonho porque já sonho de mais.
Podia falar da vida,
ou da falta que uma me faz.
Podia falar da paz no mundo,
ou da sua ausência,
da chuva que molha, da que não molha,
da que podia molhar mas molha.
Do tio que morre, da tia que chora.
Do Pai Natal que teima em existir a meus olhos,
da falta de originalidade no que vejo.
Podia até morrer neste pedaço de papel.
Podia...
Mas já não posso,
Porque isto deixou de ser...
Uma folha em branco.
.yan
20061007
Pediram-me para te dizer.
que havias de voltar
já que não havia força
para ser.
Pediram-me pra te dizer
que continuavam a haver nuvens no céu,
que o sol continuava a morrer
e que de entre nós já nada sai.
Já te disse.
Mas...
Pediram-me pra te dizer outra vez,
que estou de partida,
que não volto cá.
Não vou morrer.
Vou enterrar o pedaço que falta.
Que não me faz falta,
um pedaço de ti que teima em não apodrecer como tudo o resto.
Sei que não presto,
Sei também que já não sabes o meu nome
E o que te disse foi esquecido,
Por ora vivo.
Amanhã morro.
Embora agora me sinta feliz.
E mesmo sendo o Adeus
Volto a mim, amanhã.
Mas sozinho.
Pediram-me para te dizer...
.yan
20061006
Até ao anoitecer.
Enquanto te vejo olhar do teu alto
Consigo ter a noção do pequeno que sou.
Afeito a seres banais
Não sou eu(eles) como tu.
Amanho a vida
que amanha vais viver.
Levanto-me na bruma
Circunspecto...
O Sol já te fez vénias
Eu continuo no escuro.
Enquanto me tento levantar
Já tens o dia na puberdade.
Estás tão a minha frente.
Tenho uma pequena fenda como caminho.
E sigo inseguro.
Mas sigo .
És destra.
Eu não tenho mãos que te agarrem.
Dulcifico uma hora
Contemplando o teu olhar.
Torna-se agora calmo
o entardecer.
O grande celeste vira-me as costas
parte para alto mar, poente .
Vai dar vida a outro mundo,
Eu apanho-te ao anoitecer.
.yan
20061003
20060928
Só mais um parto.
AH! Tanto do que tenho não sei se é sonho.
Se tenho o que é real ou se é meu por outro motivo.
Tanto do que vejo nada me diz e condiz com a minha forma de ver.
Frascos de acetona nunca são cura para um vermelho penetrante.
Mas será vermelho?
Uma unha negra a mais num dedo que me aponta outro lugar.
Não parece vomitar, cuspir ou digerir.
É só imagem agora de outrora, continua e presente,
Tão certa como um pássaro dar horas e um relógio voar no tempo.
‘ Eu tenho a carta que te devo. ‘
Foi tarde daí ser passado.
É mais uma pastilha de mentol numa boca já de si amarga.
Travo difícil.
Mas sinto tanto, vejo nada.
Vejo nada, sinto tudo.
Vejo tão tanto no meio de nada e no fim nada vejo que algo seja.
Pai!
Outro dia e outro dia.
Nasce mais um dia.Observações:
Parto difícil e doloroso.
yan.