20110505

poema a sério

Sopra, sopra vento
e apaga a minha sopa,
Sopra e sopra de novo , vento
e traz-me o cheiro,
Sopra só mais uma vez, vento,
Sopra e leva-me as cinzas,
Sopra e tapa me as feridas com terra humida,
Traz o novo cheio e sopra em vão,
Sopra pelo sopro,
vento que não temo por ter um coração de pedra
Sopra em mim mutilado de ti
vento cruel do fundo dos oceanos,
Sopra mais que o meu corpo alado
Sopra além do que vejo e faço
de mim no mundo mudo
faz silêncio do escuro mundo
desfaz a vida imovel do surdo
suor do nada, atroz, imundo .
Sopra, sopra vento
apaga-me a luz
que adormeço em paz,
e na derradeira liberdade
sopra vento
de ti para mim
que finalmente sonho
um sonho sem fim
que é levar-te longe
nesta colisão constante
que sucede incessante
o calor que se apaga
e o frio aceso
de um coração pulsante.