20100131

poema do antes ou do depois da ressaca

um pingo de ácido
no acrílico da tua lágrima
amortecendo o pecado
nestes lençóis

ergue-se no espelho
uma multidão
um motim
um rio um mar
contra mim

meu corpo
tão meu
pintado
no céu

que termine a inocência
no espaço vazio
entre nós

essa indiferença que se levanta
entre o reflexo e a carne
não pode mais ser
tão clara quanto eu turvo

um pingo de ácido
lacrando o meu amor
por mim

de repente
enquanto moribundo o mundo olha
ergue-se no espelho
um novo corpo
imortal

e agora que falo só para nós
vai ser tão difícil perceber
como ver o sol rir ao luar
a morte de amanhã