20061028

Ela é uma rapariga normal.

Acorda e vem brincar,
faz Sol em nosso crescer
e a Lua já morreu.

Firme,
estou tão triste que só eu sei.
deixa... deixa...deixa-me chorar.

Deixa-me encher este copo,
com lágrimas
e bebe.

Pernas nuas,
as tuas,
mas minhas são as palavras que as disseram.

Mas estou tão triste,
não imaginas.

Tralalala,
e cantas-me ao ouvido,
mas duvido,
que me tragas felicidade.

Carne,
eu quero carne para canhão.
Acorda e dá-me a carne.

Eu nem acredito.
Não interessa...
Doem-me os cabelos,
e o estomago precisa de ser cortado.

Um ignorante,
feliz,
mas não hoje,
eu sou.

Cores régias
dores sóbrias,
trastes dúbios
sou um idiota chapado

Mas hoje estou triste que nem te conto.

20061024

Olho ao fundo,
os olhos passam a correr pelo fundo.
Na passadeira calcam-me os cabelos
enquanto-me abraçam os joelhos com os pés.

É capaz de tudo.
A informação chega a horas,
morreram todos
na altura certa.

A cara não me é estranha,
mas não me fala ao ouvido,
nem me conta histórias,
passa lá por baixo que eu deixo.

Abraça-me o ego,
só mais uma vez.
Em vez de me cortares os pés do chão.

O teor de água no corpo
afoga-me.
Sejam rápidos que chove,
e eu tenho mais quem queira.

Eu tinha vontade para estar aqui mais uns dias,
Podesse eu estar aqui mais uns dias,
e eu estava,
ficava para vos ver.

Volto a falar,
e a voz também não me é estranha,
talvez fosse eu,
mas isso era bom de mais.

O fardo que alguém traz,
não o vou ter como meu,
nem que quisesse.
Já não tenho força.

Penso que me ouvi em alguém,
talvez em mim.
Mas noutro alguém,
que seja alguém.

VOU ME AFOGAR!

Mas não vou longe,
estou com os pés presos
a um chão de terra,
que me suja,
mas que me limpa a pureza,
que me julga com as raizes,
mas que me fala ,
e se diz nas minhas veias,
mortal como eu.

Trato-me bem por um bom bocado,
enquanto ainda nao me molham de medo.

'Esse corpo,
é o meu número.'
Usa-o,
foi meu em tempos.

Bom proveito.

20061022

Ou não és tu,
ou já nao existo.
Ou morri,
Ou desapareceste.

Como o fumo que queima os meus pulmões,
que te faz desaparecer o cigarro,
queimo-te .

Como a nuvem que desaparece
com a chuva que cai no chão,
Seco-te.

Para não mais encontrar a memória.
Para perder parte de mim,
Para sempre.

Mas não sei.
Pode o vento levantar voo,
e trazer-te para perto,
e o fumo que faço de ti,
apagar-me o cigarro.

Não sei mas tento,
Que a lua não desapareça do meu lago,
que nele se mostre a tua cara.
É dificil encontrar o ponto que falta.
Não sei como mas vou aprender
a matar esta hemorragia sozinho.


.yan

20061019

Olhos secos do lado errado.

o tempo que tivemos entre
o primeiro suor e primeira lagrima,
trouxe de novo aquilo
que não via há muito.

no caminho ,
espreitei de longe,
o teu vizinho fez sinal,
esperavas no outro lado.

via vezes sem conta,
em torno do que conta.
como de ti se tratasse,
o que eu consigo ver.

levei na mão carne
esperançada,
fiz valer de nada,
tudo o que levei.

E na parede escrito,
com gordas letras,
de teu nome foi feito
e foi voando.

a erva como cama,
chama por mim,
pede para me deitar a teu lado
mas
não quero dormir contigo,
o receio de não acordar a tempo do teu acordar
toma conta de mim.
fico de olhos abertos.


.yan

20061018

Dos dias.

Os dias são repetidos,
tanques de guerra,
disparando flores de ácido
por entre a lama que me tapa os olhos.

São imitações,
São pedaços de ontem por resolver.
os dias,
que vou deixar morrer.

Entre laços de sangue esquecidos,
e começos que nunca acabam,
Por entre tempo que não passa,
ou deixa-se trespassar levianamente.

Neste lugar
no qual tenho que ser absurdo,
tornam-se absurdos os meus dias
Numa onda que me arrasta,
mas que traz sempre próxima
a realidade .

Que assim sejam,
as criaturas dos dias.



.yan

20061016

Tenho medo de perder o meu ar.
É o unico condimento que ainda não me magoa,
Vou dizer que não ao miserável ser que fui,
Para dizer olá ao inútil em que me tornei.

Agora diz-me também olá
e torna-me homem,
dá-me um nome,
dá-me um deus.

Vou existir, finalmente.


.yan

20061014

Hoje vi-te

Hoje vi-te,
Já não é hoje
E torno a pensar.

No dia em que eu voar,
Quero que olhes para o céu.
Eu estarei lá para te dizer Adeus com o coração nas mãos,
Assim tu o queiras agarrar.

Não o vais perder,
Mas não o deixes cair.



.yan

20061012

Title:

Crânios, rápido, raciocínio lento.
Estou baralhado.
Não se afoga, está protegido.
Esconde-se do mundo e nunca ninguém o viu (não consigo mexer os olhos).
Diz quem já o viu (não o meu, nem eu) que está todo enrugado,
É feio (somos tão iguais).

Dizem ser importante e que trabalha bem, mas não trabalha a 100 % nem a 50%.
Chiça! Mas… quê que eu tenho a ver com isso?
O gajo não me diz nada nos testes e matemática.

Por outro lado, consigo mexer as pernas.
Até dançava se ele não fosse tão estúpido.
Se calhar até me da algum jeito este cabrão.


Talvez me traga a comida à boca,
Se lhe pedir.
Talvez mate ou arranje quem mate as minhas infecções...
Vou-lhe pedir.
É provável que mate por mim,
Mas não o vou eu matar.
O meu cérebro .


.yan

20061010

Cortei-me a cortar a barba.

Sabe-me a nada !
Se bem que eu não saiba bem ao que me sabe .
Também não sei o porquê de tantos postos interrogatórios, tantas interrogações.
De longe e com visão de míope, de certo que vou ver o mesmo que pouca coisa.
Vou ver o mesmo que tu, diria em tom convencido que vou ver o que tu és sem mim.

Eu cheguei ao buraco.
Vou dar paz a cabeça.
De ora avante passo a vomitar com os pés.


Quase que morria seco de sangue.
Cortei-me a cortar a barba.



yan.

20061008

Folha em branco.

Tenho uma folha em branco
e não sei o que vou escrever aqui.
Acho que vou deixar a folha em branco.

Nem é uma folha em branco,
É um bloco de notas em branco.
Porquê em branco?
Porque não me vem nada a ideia, nada = nada.

Podia cuspir para aqui qualquer coisa.
Podia dizer qualquer coisa desinteressante
(como, de resto, é meu apanágio)
Podia queixar-me do tempo, da política,
do português, das nuvens que têm sempre as mesmas cores,
do sol que não é belo.
Podia dizer que tenho o coração partido, ou que simplesmente já não uso o coração,
que não sonho porque já sonho de mais.

Podia falar da vida,
ou da falta que uma me faz.
Podia falar da paz no mundo,
ou da sua ausência,
da chuva que molha, da que não molha,
da que podia molhar mas molha.
Do tio que morre, da tia que chora.
Do Pai Natal que teima em existir a meus olhos,
da falta de originalidade no que vejo.

Podia até morrer neste pedaço de papel.

Podia...
Mas já não posso,
Porque isto deixou de ser...
Uma folha em branco.



.yan

20061007

Pediram-me para te dizer.

Pediram-me pra te dizer
que havias de voltar
já que não havia força
para ser.

Pediram-me pra te dizer
que continuavam a haver nuvens no céu,
que o sol continuava a morrer
e que de entre nós já nada sai.

Já te disse.
Mas...
Pediram-me pra te dizer outra vez,
que estou de partida,
que não volto cá.

Não vou morrer.
Vou enterrar o pedaço que falta.
Que não me faz falta,
um pedaço de ti que teima em não apodrecer como tudo o resto.

Sei que não presto,
Sei também que já não sabes o meu nome
E o que te disse foi esquecido,
Por ora vivo.
Amanhã morro.

Embora agora me sinta feliz.
E mesmo sendo o Adeus
Volto a mim, amanhã.

Mas sozinho.
Pediram-me para te dizer...


.yan

20061006

Até ao anoitecer.

Não são horas horas e já estou atrasado.
Enquanto te vejo olhar do teu alto
Consigo ter a noção do pequeno que sou.

Afeito a seres banais
Não sou eu(eles) como tu.
Amanho a vida
que amanha vais viver.

Levanto-me na bruma
Circunspecto...
O Sol já te fez vénias
Eu continuo no escuro.

Enquanto me tento levantar
Já tens o dia na puberdade.
Estás tão a minha frente.
Tenho uma pequena fenda como caminho.

E sigo inseguro.
Mas sigo .
És destra.
Eu não tenho mãos que te agarrem.

Dulcifico uma hora
Contemplando o teu olhar.
Torna-se agora calmo
o entardecer.

O grande celeste vira-me as costas
parte para alto mar, poente .
Vai dar vida a outro mundo,
Eu apanho-te ao anoitecer.



.yan