20140909

Poema de quando nos esquecemos das coisas que importam

Não receies
Escuta

De que outra forma
Se ouviriam ao longe
Tempestades chilrear
Vontades de passarinho
Por entre chacais esfomeados?

Não receies
Escuta

Depois da memória
Há-de emergir uma nebulosa
Formar-se-ão novos anoiteceres
Por entre as manhãs infinitas
Dos tolos

Não receies
Escuta

O teu corpo pressente
Vorazes ruídos de animais extintos
Que são paixões tuas tangentes
Tropéis de lágrimas caladas
Esquecendo estranhos na tua cama
Mil coisas por acontecer

Não receies,
Dá-me ouvidos

Estão entre as palavras
Os cântaros de luz
Que com dedos de seda tacteamos
Perdendo nos recantos turvos da tempestade
O chilrear magnético

Das coisas pequenas.