20061024

Olho ao fundo,
os olhos passam a correr pelo fundo.
Na passadeira calcam-me os cabelos
enquanto-me abraçam os joelhos com os pés.

É capaz de tudo.
A informação chega a horas,
morreram todos
na altura certa.

A cara não me é estranha,
mas não me fala ao ouvido,
nem me conta histórias,
passa lá por baixo que eu deixo.

Abraça-me o ego,
só mais uma vez.
Em vez de me cortares os pés do chão.

O teor de água no corpo
afoga-me.
Sejam rápidos que chove,
e eu tenho mais quem queira.

Eu tinha vontade para estar aqui mais uns dias,
Podesse eu estar aqui mais uns dias,
e eu estava,
ficava para vos ver.

Volto a falar,
e a voz também não me é estranha,
talvez fosse eu,
mas isso era bom de mais.

O fardo que alguém traz,
não o vou ter como meu,
nem que quisesse.
Já não tenho força.

Penso que me ouvi em alguém,
talvez em mim.
Mas noutro alguém,
que seja alguém.

VOU ME AFOGAR!

Mas não vou longe,
estou com os pés presos
a um chão de terra,
que me suja,
mas que me limpa a pureza,
que me julga com as raizes,
mas que me fala ,
e se diz nas minhas veias,
mortal como eu.

Trato-me bem por um bom bocado,
enquanto ainda nao me molham de medo.

'Esse corpo,
é o meu número.'
Usa-o,
foi meu em tempos.

Bom proveito.

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