Eu não esqueço,
Adormeço
Num contra-luz
O que passei nas tuas mãos.
Imagens
De um plano
Com as costas viradas para mim
E para a tempestade que me espera.
Tiro-me as mãos.
Tiro as minhas mãos
Do que disse.
Onde te dás
Eu queimo
Enrolo o cigarro
E sonho com o som do lamento
Com o choro…
Como choro…
É a primeira hora da Primavera. Falo como se tivesse vivido um sem número de Primaveras.
O primeiro sol chama e corro.
Sento-me calmamente. Tenho joelhos e cabeça e a cabeça nos joelhos.
Perguntas-me porquê.
Solenemente respondo que não posso responder porque se eu falar tudo desaparece, tudo se levanta, tudo se apaga.
Como pó... E toda esta ilusão de perfeição volta a dizer-se presente com voz grave e adoçada
pelo fumo azul que me passa e só se passa em mim.
Tiro as minhas mãos de tudo o que disse
Só quero
Que te magoes amanhã...
Numa luz
Que me adormece.
Primavera,
Água
E pássaros a mal dizer a vida
Vivendo e cantando.
O resto
É um corpo adormecido
e este calor que não sei de onde vem...
que me mantém acordado...
1 comentário:
eu tenho tido muito frio. estranho esse calor, sim...
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