20130915

Das palavras todas

 Existes
Naquela palavra de quando
Tenho muita sede

Nas estruturas de betão que se erguem
Por entre os segundos todos do almoço
Cúpulas de vidro que me deixam ver
Todo o paraíso

Existes
Nos objectos da confeitaria
No meio do balcão ao lado do jornal
No soslaio viscoso da empregada
Na televisão sem som
Na parede suja,
Ao lado da porta da casa de banho

Nos montes insonoros que atravessam
Toda a ideia do Tempo
Num verde impossível
De ser
Tocado

Existes também
No fundo do oceano
Do meu copo de água
No lápis que pinta este incolor tormento
Na espada das minhas mãos
Por detrás daquela portada vermelha
Num jardim com o teu nome
Com todos os nomes
A serem o teu nome

Existes na fome
quando fujo
quando fodo
quando durmo

Existes
Sobretudo
Porque compreendes
Nas tuas entranhas esquecidas de mim
Todas as palavras.

1 comentário:

Jorge Ramiro disse...

É um poema muito interessante, eu também gosto de escrever poesia. Eu tenho um negócio Pinheiros e às vezes eu tenho algum tempo livre, eu uso para escrever.