o telefone toca
defronte da luz gelada do fim da noite
alguém me chama
daquela neblina quente de vapor
os sofás deitados
e as fotografias a dormir ainda
o telefone toca e tu não atendes
permaneces imovel
no teu futuro incrivel
gesticulas para te manteres vivo
agarrado ás cinzas de tudo o que
nunca te ardeu
no calor doce da madrugada
repete-se o desejo
de correr a cidade e encontrar
mortas em qualquer beco
todas as palavras
o cigarro evapora-se
a lareira liberta a furia de todo o mundo
e tudo arde, e tudo arde
e tudo arde
o telefone toca neste vazio eterno
nas tuas mãos a morte
gesticulas a morte das tuas mãos
nas tuas mãos o cigarro evapora-se
e lembras-te das fotografias que dormem ainda
lembras-te dos olhos e dos braços
porque amanhã é sempre tarde para o coração
lembras-te dos teus passos
mas imovel
amanhã é muito tarde
para que te lembres que continuas vivo.
fechas os olhos e dormes
fechas os olhos e continuas vivo.
calo-me
pq permaneço nas fotografias
e nos sofás
nos lugares e no fogo infinito da noite
e apaziguo a fome
de olhos fechados
na janela do teu quarto iluminada por ti
não morri nunca
na canção da tua voz
eu não morri nunca
fecho os olhos e dormes
e fecho os olhos e durmo
porque eu
eu não morri nunca.
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6 comentários:
"Is it painful hearing voices ring so early in the morning?"
estou apaixonada pela tua escrita
***
eu adoro-te oh silva ^^
então calhou mal. :p
mas como gosto bastante de J.L. Peixoto para mim era kinda um elogio.
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