20071015

15 de Outubro, 2007, 2 e meia da manhã, segunda-feira a dormir.

E suponho que é aqui que, amigavelmente, encontro a boa vontade à minha espera, deitada solenemente no parapeito do sono esperando que eu a leve pela mão a passear pelas coisas que não entendo. Ora, estou indignado. E o sono não vem. Só lá vive a vontade de dormir.

Não tenho outra vontade nenhuma, motivação, prazer… Ando aqui a assentar tijolo numa casa já feita, a ouvir o barulho das obras que se fazem em mim como sons malucos de um experimentalista nas percussões, quando o que quero é sempre sossego e quando o tenho, sempre barulho.

É que já ninguém está acordado. Só a minha mão e este papel que faz barulho à canetada: dou-lhe canetadas frias e cruéis ao sabor da noite (e um monte de onomatopeias que não existem a surgirem-me do fundo). E tem sido assim, todos os dias, o Amnesiac em repeat pela noite fora até que adormeço, um papel que vou usando para escrever tudo e, de certa forma, esvaziar-me para que caiba em mim o sono ou então, para ouvir-te falar. Como era bom ouvir-te falar. A tua voz doce agarrada ao meu braço e a sorrir-me com os olhos a brilhar e eu queria lá saber o que estavas tu a dizer porque para mim bastava que o dissesses, com os olhos, agarrada ao meu braço e a saltar de alegria como uma criança feliz sempre feliz.

É incrível, que vontade que tenho de morrer para ver como é que é estar morto. Ou para dormir, simplesmente. Para viver sem sono e com os olhos abertos. Tão fácil culpar outra pessoa dos males que temos. Tão fácil inventar situações que existem mesmo mas que hiperbolizamos para que tenham pena de nós. Às vezes sinto isso, sinto que os meus problemas são ninharias mas quando falo com alguém parecem cataclismos à escala mundial mas, não me compreendam mal, é só relativo ao meu tamanho e eu sou enorme. Sou mesmo grande e a superfície de contacto torna-se muito maior pelo que a dor dói-me mais a mim que às pessoas mais pequeninas. Mas nem quero que tenham pena de mim, só quero que me oiçam e que me digam depois :
-E vai tudo ficar bem
Eu queria era dormir. Ou matar-me, mas com o sono que estou, sinceramente, nem um suicídio me saía bem e ainda sujava o quarto. Mais um problema para limpar depois. Vou estar mas é quietinho a olhar pró tecto que se vai enterrando no 2ª andar, no 3º, no céu, em mim, a tua cara, …

3 comentários:

Anónimo disse...

é impossivel isto não te ter dado um gostinho.

a mim deu-me muitos.


animal,*

_E se eu fosse puta...Tu lias?_ disse...

...pois insónias malditas!!!!


Mas tranquilizo-te pois sou pessoa pequena e a dor é monstruosa. Maior que o gigante golias esta dor...

Ouvir-te-ei;)*********

telma disse...

(desculpa ainda nao li) venho pedir desculps pelo post. nao foi da minha autoria como é claro.
deve de ser algum virus.. visto que afinal tnho praki montes de coisas infectadas -.- *