20140404

poema de uma prisão

vem
que acendes em mim os sonhos
como estrelas no silencioso céu nocturno

vem
donde repousam os deuses e o vento
à noite
traz contigo
betão, muralhas e sangue

vem construir
um universo de ruínas
em meu redor

vem
que em teu ventre sussurram
ânsias de prisão,
jardins e arame farpado

deixa
que eu me encolha
nos meus metacarpos destroçados
de tanto tentar querer
fingir que fujo
empurrando o ferro e as fronteiras

não quero dormir
não quero estar calado
nem quero ter pele
não quero um catálogo de coisas felizes

só quero que
reforces a penitência

só quero que
me electrifiques também os sonhos.

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