20130601

a perguntar por coisas

Olá – um poema não começa nunca por olá
imagina que te escrevo daqui uma carta
que na vez disto descolas o selo do envelope
que o guardas junto dos outros selos
das outras cartas
dos outros homens
que abres,
não,
imagina que rasgas o envelope
na sede de todas as palavras
como quem morde a língua
para se calar

Como estás? – vamos tornar isto um poema,
não,
esta  carta
sobre ti.

Sei que tens vivido bem e
Que lês isto sentada no conforto de uma casa
Inteira
Que tens amor
Sei que foste aos correios no outro dia
Enviar-lhe uma carta talvez
Pagar a luz
Quem sabe
Esquecer que eu escrevo para ti

Estás melhor
Que estes clichés todos
Eu é que não sei mais
De ti

Se isto fosse um poema
Falaria com certeza
Do chão e das flores e do sol
Da chuva também

Mas é uma carta
Para ti e para a tua
Ausência

Gostava que me escrevesses de volta
Uma resposta qualquer
Que me dissesses
Sinto falta de ti, estúpido
Não precisa de ser uma carta,
Assim,
Pode ser um poema
Pequenino que fosse

Juro,
Juro que já li poemas de uma linha
Que diziam
A minha vida toda


1 comentário:

a(muse) disse...

Obrigada
(Uma resposta tardia)