Prostrei-me sem cor
Tolhido de um frio
de morte
Que me descia corpo
a baixo
Na mais séria
impavidez
Perante o retrato da
praia das luzes
A subversão do areal
À noite
Milhares de
infâncias rochosas,
Velhices rochosas,
Oblívios do vento.
Como eu,
Que te cubro as
pernas
Fechando os olhos da
memória
Que te aperto os
seios
Fechando os olhos da
memória
Que me esqueço de ti
Fechando os olhos à
memória.
Aqui onde os meus
pés
Atingem o solo como
espectros impossíveis
Desaparecendo no levadiço
Que me engole o
corpo de pedra,
Da velhice óssea,
Da velhice cárnea,
Evocações do rancor
das trevas.
Eu duas pinturas,
Um piano abençoado
Uma única nota
desafinada
Uma arte em combate
Contra si própria
Com os pés presos na
areia,
Os olhos cegos de
falta de luz
A noite fria
E o teu corpo a
fazer-me falta
Em todos
Os movimentos.
Eu açambarcando
Um cobertor
A ressaca
A tomar consciência
da casa e não da areia
Nem da praia
Nem da noite
Eu um retrato
envelhecido
de um corpo humildemente vencido
na doçura de um
tempo humanamente parado.
Sem comentários:
Enviar um comentário