20110319

mas eu prefiro que não o faças

mata-me que sofro
horrores
e estamos perto
do rio
levar-me-á com ele
ninguém dirá foste tu
amanhã
nem nos lembramos
eu não certamente
como se tivesse deitado a cabeça
no parapeito belíssimo que é
o ventre materno
outra vez

tosse uma pedra
á velocidade da luz
contra mim
o vento está forte
ajudar-te-á
nem sentirás parte de ti
quebrando-me a cartilagem
perfurando o meu lobo occipital
parte de ti
cegar-me-á
como se eu tivesse deitado o olhar
para o mais belo retrato
deste rio
pela última vez
na minha vida

mata-me que sofro horrores
e assim
amanhã
já nem precisamos de nos falar
já pensaste o quão fácil seria
tornar as coisas
milhões de litros de vida mais simples?

Sem comentários: