20081218

era tarde, ou demasiado cedo, e os candeeiros da avenida apagavam-se um a um como velas que
o vento soprava. o meu corpo acordava de um sono que nunca veio e os semblantes carregados das fachadas,
das janelas, das portas enormes em madeira, pressionavam-me contra o interior magnético de mim próprio:
todo o meu corpo se mitigava, a roupa, enquanto eu tremia, crescia como um oceano. era de manhã porque o sol
assim queria, não havia muita gente por perto e a que havia desinteressava-me de toda a humanidade do mundo.
o frio rangia no silêncio como um grito e quebrava as finas orelhas de marfim do céu. e pareceu-me ouvir-te
ao fundo da rua, a tua voz ao fundo da rua com os braços abertos na minha direcção,
todo o frio do silêncio da saudade dos momentos se fechou no espaço de um segundo... mas ao fundo da rua, só o fundo da rua.

6 comentários:

Anónimo disse...

"todo o frio do silêncio da saudade dos momentos se fechou no espaço de um segundo... mas ao fundo da rua, só o fundo da rua."

quem me dera ser o fundo da rua, só um fundo da rua.

bichauo disse...

era tudo que eu queria ler.

ashtray girl disse...

o fundo, diz muita coisa...

telma disse...

onde é essa rua?

telma disse...

eu não entrei por duas centesimas em coimbra. pró ano vou tentar novamente.

ana disse...

gostei muito (: