20080730

ouve, és tu que me fazes mentir.

apetece-me ser uma navalha de sangue, cortar-te a boca, entrar em ti.
ver-te por dentro, o que guardas tu por dentro que me faz o sangue ferver?
apetecia-me deixar a pele á porta da dor e sentir, ó, sentir, como seria bom
dizes tu, ensanguentada, sentir, que mito magnifico. dizes tu, porquê? e eu
não te respondo porque o universo me obriga a fechar a boca e a revisitar tudo o
que fui e o que fiz, porque esse animal grotesco me obriga à dura habituação de espaços
e pessoas, ao amontoar de ossos em mim, retalhos de peles em mim, o estúpido fato humano
que vestimos porque nos convem: e a mim nada me convem, nunca me sinto contente. por isso
apetece-me cortar-te a boca, cortar-te a língua, cola-la em mim, usar-te. apetece-me
usar as tuas falas neste mundo sem cor a viver de cor, apetece-me, sei lá, matar-me mais
que duas vezes, três... nascer por aí, abandonado.

puta que pariu esta felicidade que não cabe em mim!

ouve, apetece-me ser vento.
apetece-me mesmo voar

6 comentários:

Anónimo disse...

Violento..gostei ;)
Não perdes o jeito.

Anónimo disse...

quem escreve assim é gay!

é tão bonito, como todo o resto aliás

Yan disse...

eu sou memso gay.

Anónimo disse...

=D

Yan disse...

com todo o respeito: vai pro caralho anonimo.

meldevespas disse...

Acho que já te tinha dito...mas tu tens uma escrita deveras impressionante.
Não sei que idade tens, nem tampouco me interessam as tuas opções, mas que tu sabes escrever, ahh meu rapaz, isso sabes!
Lindo, forte, sensual, profundo.
Beijinho
(vou voltar de vez em quando...)