vem
que acendes em mim os sonhos
como estrelas no silencioso céu nocturno
vem
donde repousam os deuses e o vento
à noite
traz contigo
betão, muralhas e sangue
vem construir
um universo de ruínas
em meu redor
vem
que em teu ventre sussurram
ânsias de prisão,
jardins e arame farpado
deixa
que eu me encolha
nos meus metacarpos destroçados
de tanto tentar querer
fingir que fujo
empurrando o ferro e as fronteiras
não quero dormir
não quero estar calado
nem quero ter pele
não quero um catálogo de coisas felizes
só quero que
reforces a penitência
só quero que
me electrifiques também os sonhos.