20111219

De como desorganizei o ensino básico

Hoje reparei em Mercúrio
Sendo convulsões de febre pela
Milky way superior dos meus testículos
Ventosas,
Pontas afiadas de agulhas prontas
A metamorfosear oocitos vermelhos
Amarelos
Em pequeninos girinos

E a Mary perguntou-me da cozinha
Em que pensas Alves?

E foi como se Mercúrio implodisse e
Com ele vegetações oceanos de vida em potência
Na parede branca dos meus lençóis

Em nada respondi
Como se fosse possível pensar em nada

Limpei-me
Permaneci quieto porque não é fácil
Acreditar que estivemos tão perto de fecundar
Mercúrio
E mais uma vez
Fodemos tudo sozinhos

Vens almoçar? Tomas banho primeiro?
Perguntou Mary
Soando não como uma perguntadora
Soando mais na forma de um claustro de pedra
Ditatorial
Divinamente ditatorial
Uma igreja

Respondi negando a liberdade de uma terceira opção
Vou tomar banho
Levantei-me quase sem dar conta dos milhões de movimentos
Que os meus músculos iam fazendo para empurrar-me até
Ao duche

Reparei em Mercúrio cada vez mais pequeno
A desfazer-se em pó como no inicio dos tempos
Protoplanetas em colisão
Ventres de mulheres apaixonadas
Dançando
E a água levando de mim
Restos de amor
Deixado em mim
Moendo-me a uretra com Neptuno
Em forma de
Uma consciência pesada.

Saí do banho,
Enfatei-me e engravatei-me
Sorri
Bom dia, querida.

Ninguém deu conta,
Tudo parece igual.

Respiro.

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